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Irecê caminha em passos firmes para se transformar em um polo de produção audiovisual. Após o lançamento de diversos curtas-metragens como Patuá, Rodagem, A Natureza Responde, A Fruta e a Fruteira, Amuleto e O Fantasma do Lixo, na próxima segunda(14) começam as gravações do romance “De Amante”, dirigido pelo estreante diretor Sólon Barretto. O curta será filmado nos municípios de Irecê e Mucugê na chapada diamantina e irá contar a história de duas crianças, André e Ritinha, que se apaixonam no decorrer da trama e que ao encontrar um diamante se separam bruscamente.  Anos mais tarde, acontece o reencontro, porém, a história toma um rumo inusitado.

O filme fala sobre ambição, amor e jogo interesses, ingredientes esses, que serão explorados por uma equipe de 18 pessoas, dirigidas por Sólon Barretto (direção e roteiro), Alexander Barretto (assistente de direção) e Renato Sampaio (produção executiva). De Amante, terá no elenco composto por alunos de teatro e atores já experientes, como Péricles Barretto, Jonny Hebert e Ítalo Johmar do curta Patuá e Bárbara Martins  que fez recentemente A fruta e a fruteira.

“Despertei para o cinema com a chegada de Sandoval a Irecê, antes pensei em dirigir uma comédia, mas achei que poderia ser uma estreia complicada, então escolhi um romance, por até o cenário da chapada me ajuda. Vamos passar quatro dias em Mucugê e três filmando em Irecê, quero estrear esse curta em março”, diz Sólon.

Nascido em Salvador, o ator é formado em artes plásticas com extensão em teatro e Pós graduado em metodologia do ensino da arte. Veio morar na região de Irecê, há 12 anos, e trabalha, desde então, como professor na Fundação Bradesco. Sólon é fundador e diretor da Cia. Teatral Cara-de-pau e diretor da Cia. Trup de Trapos. Como ator de teatro, já apresentou diversos espetáculos na região, dentre outros, o Alto da Compadecida, Bate Papos, Chá das Cinco, Dois a Dois e Sou Professor e daí? No cinema, participou do filme Patuá, como ator e diretor de elenco e foi protagonista do novo curta de Sandoval, Minha vida não cabe no outdoor, que será lançado em janeiro.

Pedro Moraes

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Criatividade e pluralidade artística podem definir o jovem cineasta, de 17 anos, Alexander Barreto, uma figura promissora que se encantou com o mundo das artes há dois anos e já demonstra potencial para executar belos trabalhos. Convivendo com a arte em casa, influenciada pelo pai Péricles Barreto e o tio Sólon Barreto, ambos nomes conhecidos no teatro da região de Irecê-BA, Alexander realizou três curtas-metragens que disputaram o Prêmio Vitor Diniz, como jovem realizador, no “XIII Festival Nacional dos Cinco Minutos”,  em Salvador. “A Natureza Responde”, “O assalto que não houve” e “Fantasma do Lixo” são obras com preocupação social, debatendo o meio ambiente e violência.  As três produções foram realizadas para o festival e com poucos equipamentos o jovem cineasta se desdobra para participar de todas as etapas de uma criação audiovisual, criando o roteiro, interpretando, dirigindo as cenas, captando som, filmando algumas sequências e editando o vídeo.

O CURTA-METRAGEM “A NATUREZA RESPONDE”, realiza uma reflexão sobre os hábitos de um jovem que no dia-a-dia insiste em destruir o meio-ambiente, mostrando que para toda agressão existe um retorno. O vídeo possui imagens interessantes, criativas e com boas composições de cena, destaco a que o personagem segue em direção a sua “vítima” (uma árvore) e filmando em contra-luz, são evidenciados os detalhes de uma faca passando por um portão de ferro. A edição tem cortes rápidos, com possíveis influências da linguagem do videoclipe e televisão, o roteiro é simples, porém bem elaborado, a interpretação do ator (Alexander) é boa, todavia é preciso ressaltar que o papel não exige muito de suas habilidades. Alexander peca na edição do áudio, utilizando uma trilha alta, em relação a voz e um pouco desconecta das imagens, porém, capta o som ambiente, como ruídos de portas, água e carro com qualidade.

“O ASSALTO QUE NÃO HOUVE” é um vídeo cômico que retrata a noite de dois irmãos gêmeos, mas de personalidades opostas, que ao debaterem sobre a violência são assaltados em casa. O curta ganha um teor engraçado quando a suposta ladra aparece, uma criança baixinha e frágil que enfrenta em um combate marcial os dois irmãos.  Mais uma vez, o vídeo possui boas imagens, os melhores momentos dessa composição ficam em dois pontos. No começo da narrativa onde são efetuados belos closes e na invasão da assaltante onde em preto e branco são intercalados planos abertos e fechados em um bom sincronismo. O roteiro dessa obra poderia ter uma diretriz mais elaborada, pois, fica um pouco óbvio que após debaterem sobre violência e apagarem as luzes vai acontecer alguma coisa. Alexander como ator ganha um novo desafio nesse curta, interpretar dois personagens, essa tarefa ele realizada com sucesso, evidenciando boas expressões faciais, gesticulações e uma dinâmica de texto eficiente. Como diretor e editor, o obstáculo é maior. Em algumas cenas não existe continuidade, fazendo com que o personagem reapareça em lado diferente da cena anterior, em alguns cortes nos diálogos, feitos pelo mesmo ator, as imagens ficam “truncados”.

CONSIDERO “O FANTASMA DO LIXO” o curta mais maduro e elaborado de Alexander. O vídeo realiza um debate sobre o lixo, mostrando a convivência de duas garotas, Ludmila e Nicole, que ao chegar de uma festa jogam papéis no chão e convivem em uma grande bagunça em casa. Ao faltar luz o fantasma se apresenta para dar um “puxão de orelha” nas duas que em seguida mudam o comportamento.

Os três vídeos foram filmados por Alexia Barreto, todos possuem boas imagens, mas em “O Fantasma do Lixo”, existe uma composição diferenciada entres o três, com ótimos movimentos de câmera e uma iluminação (para os equipamentos que a equipe dispõe) bem elaborada. A sonoplastia acerta quando utiliza, em alguns momentos, a mescla entre o silêncio e som ambiente. A trilha é boa e foi executada nos momentos corretos, criando um ambiente de “suspense” no filme. Os cortes de imagem não tiveram grandes desafios, a edição é simples e clássica, mas cumpre o papel. O roteiro é bem feito, intensificando os diálogos e construindo uma história de quatro minutos bem construída. A interpretação cênica dos três artistas (Alana Gondin, Lorena Pinheiro e Alexander) ficou ótima e natural, porém a impostação da voz do “fantasma” poderia ser diferenciada, com mais seriedade e em um tom mais grave.

Uma sequência do filme que comprova as qualidades do diretor é a cena realizada após o desaparecimento do fantasma. Alexander acerta em vários pontos, a trilha começa baixa e vai ganhando fôlego ao decorrer da movimentação de câmera, as imagem são captadas de um bom ângulo(altura do chão), a edição reduz em fração de segundos o tempo dos movimentos, deixando-os mais lentos e realçados, os curtos diálogos funcionam como  informativos de consciência ambiental.

Com alguns erros, naturais pela pouca experiência e muitos acertos, os três curtas apresentados ao festival nacional de 5 minutos por Alexander Barreto, se concretizam com uma amostra positiva do talento do jovem cineasta que tem potencial para realizar trabalhados mais maturados e alçar novas linhas narrativas. Sem dúvidas, fico livre para afirmar: É um excelente começo.

 

Pedro Moraes