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Por Pedro Moraes

Percebemos diversos grupos de jovens que extravasam suas inquietudes das formas mais subversivas possíveis, como o consumo desenfreado do álcool, a direção alcoolizada de veículos sem habilitação, a permanência nas ruas de madrugada, a prática de sexo em vias públicas e o consumo de diversas drogas ilícitas, como a maconha e o crack.
Sabemos que todos esses problemas vêm de berço. Inicialmente, cabem as famílias coibirem tais atos, com o diálogo e uma orientação contínua, que precisa ser ao mesmo tempo dura e acolhedora. Contudo, ao invés de orientar, os pais estão perdendo cada vez mais espaço e os filhos se sentem no direito de comandarem a situação, sem qualquer repressão posterior. A tradicional “bronca” foi abandonada por um tapinha nas costas com a frase subconsciente: “Filho erre novamente, seu pai assume sua barra”. Como os problemas não são meramente caseiros, eles trazem consequências danosas para toda a sociedade, já passou da hora dos poderes públicos e as famílias lutarem com mais afinco para solucioná-los.
No caso do álcool, podemos afirmar com toda segurança possível que a grande maioria dos mercados, armazéns e bares do município e microrregião de Irecê, vendem sem qualquer cerimônia bebidas alcoólicas e cigarros para menores de 18 anos. O que muita gente finge não saber, é que o ato vergonhoso, que visa unicamente o lucro, desobedece o artigo 243 do estatuto do adolescente que prevê pena de até 4 anos de reclusão, acompanhado por multa,  “para qualquer pessoa que vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida (art.243)”, diz o estatuto do menor.
Diante de uma geração que abandona em passos largos o hábito da leitura, também encontramos uma infinidade de alunos que fardados com as camisas de seus respectivos colégios, se privam de conhecimento e trocam as salas de aula pelo uso incansável de bate-papos virtuais em lan houses, ou passam seus dias sentados em um banco de praças públicas ao lado de um litro de refrigerante “turbinado” com Pitu, 51, Montila e outras tantas bebidas.
No trânsito, os menores circulam livremente pilotando motos, dirigindo carros possantes com aparelhos de som amplificados e fazendo diversas inflações, como subir em passeios, realizar manobras arriscadas e exibirem os famosos “cavalos de pau”, demonstrando todo seu “poderio” adolescente. Todos sabem que dirigir sem habilitação é crime e para ter a autorização necessária, o condutor precisa ter a idade mínima de 18 anos, tenho certeza que isso não é novidade para ninguém. Porém, com uma fiscalização ainda incipiente, virou uma tradição os pais liberarem os veículos para menores, ainda sem maturidade, despreparados psicologicamente para utilizar tal ferramenta, que pode virar uma arma letal com o uso inadequado. Sejamos coerentes, qual maturidade um jovem adolescente tem para pilotar uma moto ou carro?
Precisamos urgentemente de ações concretas de todos os poderes públicos para solucionar esses problemas. Investir em educação de qualidade, cultura, esporte e meios de entretenimento “saudáveis” é uma fórmula precisa para combater todas essas problemáticas em médio e longo prazo. Porém, também necessitamos de órgãos com a função de coibir tais práticas.  O poder judiciário, por exemplo, ninguém entende o motivo, mas não implementa no município um Juizado de Menores, que amenizaria de imediato algumas dessas problemáticas. Visto que a ação dos agentes de proteção (antigos comissários de menores) tem como objetivo “o trabalho de fiscalização, assistência, proteção, orientação e vigilância a menores, previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem como o cumprimento de medidas judiciais específicas”.
Os poderes competentes precisam parar de olhar para os botões do próprio terno e realizarem ações em consonância com as necessidades da população. As famílias precisam acordar, e deixar as fofocas sobre o outro de lado e olhar para sua casa. Está faltando praticas básicas, como olhar, ouvir, sentir, buscar e conhecer.  Pois é só assim, que conhecemos os anseios do local, no qual muitas vezes vivemos protegidos por uma cúpula de vidro.