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Caos Juvenil. Aonde estão os poderes públicos?
Publicado: 26/01/2011 em JornalismoTags:alcool, bebida, camara de vereadores, crack, drogas, juizado de menores, lapão, maconha, menores, pedro moraes, poder judiciario
Por Pedro Moraes
Percebemos diversos grupos de jovens que extravasam suas inquietudes das formas mais subversivas possíveis, como o consumo desenfreado do álcool, a direção alcoolizada de veículos sem habilitação, a permanência nas ruas de madrugada, a prática de sexo em vias públicas e o consumo de diversas drogas ilícitas, como a maconha e o crack.
Sabemos que todos esses problemas vêm de berço. Inicialmente, cabem as famílias coibirem tais atos, com o diálogo e uma orientação contínua, que precisa ser ao mesmo tempo dura e acolhedora. Contudo, ao invés de orientar, os pais estão perdendo cada vez mais espaço e os filhos se sentem no direito de comandarem a situação, sem qualquer repressão posterior. A tradicional “bronca” foi abandonada por um tapinha nas costas com a frase subconsciente: “Filho erre novamente, seu pai assume sua barra”. Como os problemas não são meramente caseiros, eles trazem consequências danosas para toda a sociedade, já passou da hora dos poderes públicos e as famílias lutarem com mais afinco para solucioná-los.
No caso do álcool, podemos afirmar com toda segurança possível que a grande maioria dos mercados, armazéns e bares do município e microrregião de Irecê, vendem sem qualquer cerimônia bebidas alcoólicas e cigarros para menores de 18 anos. O que muita gente finge não saber, é que o ato vergonhoso, que visa unicamente o lucro, desobedece o artigo 243 do estatuto do adolescente que prevê pena de até 4 anos de reclusão, acompanhado por multa, “para qualquer pessoa que vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida (art.243)”, diz o estatuto do menor.
Diante de uma geração que abandona em passos largos o hábito da leitura, também encontramos uma infinidade de alunos que fardados com as camisas de seus respectivos colégios, se privam de conhecimento e trocam as salas de aula pelo uso incansável de bate-papos virtuais em lan houses, ou passam seus dias sentados em um banco de praças públicas ao lado de um litro de refrigerante “turbinado” com Pitu, 51, Montila e outras tantas bebidas.
No trânsito, os menores circulam livremente pilotando motos, dirigindo carros possantes com aparelhos de som amplificados e fazendo diversas inflações, como subir em passeios, realizar manobras arriscadas e exibirem os famosos “cavalos de pau”, demonstrando todo seu “poderio” adolescente. Todos sabem que dirigir sem habilitação é crime e para ter a autorização necessária, o condutor precisa ter a idade mínima de 18 anos, tenho certeza que isso não é novidade para ninguém. Porém, com uma fiscalização ainda incipiente, virou uma tradição os pais liberarem os veículos para menores, ainda sem maturidade, despreparados psicologicamente para utilizar tal ferramenta, que pode virar uma arma letal com o uso inadequado. Sejamos coerentes, qual maturidade um jovem adolescente tem para pilotar uma moto ou carro?
Precisamos urgentemente de ações concretas de todos os poderes públicos para solucionar esses problemas. Investir em educação de qualidade, cultura, esporte e meios de entretenimento “saudáveis” é uma fórmula precisa para combater todas essas problemáticas em médio e longo prazo. Porém, também necessitamos de órgãos com a função de coibir tais práticas. O poder judiciário, por exemplo, ninguém entende o motivo, mas não implementa no município um Juizado de Menores, que amenizaria de imediato algumas dessas problemáticas. Visto que a ação dos agentes de proteção (antigos comissários de menores) tem como objetivo “o trabalho de fiscalização, assistência, proteção, orientação e vigilância a menores, previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem como o cumprimento de medidas judiciais específicas”.
Os poderes competentes precisam parar de olhar para os botões do próprio terno e realizarem ações em consonância com as necessidades da população. As famílias precisam acordar, e deixar as fofocas sobre o outro de lado e olhar para sua casa. Está faltando praticas básicas, como olhar, ouvir, sentir, buscar e conhecer. Pois é só assim, que conhecemos os anseios do local, no qual muitas vezes vivemos protegidos por uma cúpula de vidro.
Surge um novo jornal: “Keta, Moço!”
Publicado: 14/03/2010 em JornalismoTags:alvina alves, jackson rubem, jornal keta, lapão, moço!, pedro moraes, sylvio lyra
Confiram a edição completa cliclando na imagem ou acessando o site: http://www.ketamoco.com.br
“Seu Alfredo”, o poeta sertanejo que sonhava com a escola
Publicado: 01/03/2010 em JornalismoTags:alfredo rosendo, irecê, lapão, pedro moraes, poesia lapoense, poesia regional
“Sou Alfredo José Rosendo/Filho de Modesto e de dona Brisdinha/
Se eu não faço um poema melhor/É porque não frequentei a escolinha”
Por Pedro Moraes
As gotas geladas de uma suave garoa tocam suavemente na terra seca e árida, em um fim de tarde em que o chão quente do semiárido agradece aos céus pela benção de encontrar com sua fonte de energia, exalando assim, o cheiro de terra molhada, sinônimo de prosperidade na vida do sertanejo. O São João, árvore típica da biodiversidade local, abre suas flores, amarelas feito ouro, provando para quem duvidar que a beleza surge no improvável. Em torno deste cenário, que flerta entre o belo e a simplicidade, encontro seu Alfredo Rosendo, um lapoense de expressão forte, alto, de voz firme e corpo esguio, com 89 anos de histórias, causos e lições de vida. Em uma casa antiga, feita com as próprias mãos, “Seu Fredo” como é carinhosamente conhecido, mora em companhia de ilustres convidados: a música e poesia.
O cheiro do café passado na hora abre as portas para uma longa conversa sobre a vida, sonhos e a arte, despertada em 1985, quando seu município de origem, Lapão-BA, tentava se emancipar. Em versos simples, de um homem que nunca foi à escola, Fredo foi de encontro aos velhos coronéis da terra e declamou com garra e coragem a seguinte estrofe:
“Deixa de tanta promessa/ deixa de tanto esperar/ agora chegou a vez/ de Lapão emancipar. Lapão já foi muito atrasado/ só quem viu sabe contar / Só tinha duas escolas, mesmo assim particular/ Hoje, o Lapão já conta, no setor da educação / Com um dos melhores colégios da microrregião. Lapão tem um povo hospitaleiro / Isso eu não nego / só faz muito fuxico na época da eleição / deixa de tanta promessa/ deixa de tanto esperar/ agora chegou a vez/ de Lapão emancipar”.
De acordo com Alfredo, na época, algumas famílias tradicionais reuniram 500 assinaturas em um manifesto contra a emancipação. “Eles alegavam que a cidade era a ponta da rua do município de Irecê, mas eles tinham interesses pessoais por trás disto, achei que não tava certo, porque Lapão já estava desenvolvida, foi então que tive a vontade de fazer meu primeiro verso e dei uma chicotada neles”.
‘Não tinha como estudar, e chorava’
Frequentar uma sala de aula foi o maior sonho do poeta sertanejo, porém os tempos difíceis da época de criança não deixaram sua aspiração virar realidade. Apesar de não poder ir à escola, sua vontade era maior que a maioria dos obstáculos. Com uma “banda” de toucinho de um porco gordo, doado pelo seu avô, foi para cidades vizinhas vender a mercadoria. Ao todo conseguiu 200 réis, dinheiro suficiente para comprar um livro ensinando a arte do ABC. “Quando meu avô trouxe o livro, só fui dormir quando aprendi a primeira carreira de letra, gravei até o ‘é’, depois fui tocando meus estudos para frente. Em quinze dias, já sabia ler. Meu avô morreu na grande crise de 32, e fomos trabalhar numa roça que só tinha onça e caititu. Lá, passei de inteligente e fiquei conhecido por fazer um cavaquinho com uma faca com apenas 12 anos, ficou tão bom que muitas pessoas quiseram comprar, acabei vendendo para comprar uma roupa bem bonita que fazia tempo que não tinha”.
Apesar do esforço, o garoto promissor ainda não sabia escrever até que a noiva do tio questionou: “Você já sabe fazer seu nome?” triste e envergonhado ele respondeu: “Não”. Foi então que a jovem segurou em sua mão e com um toco de madeira riscou o nome do menino para ele copiar. “Fiquei muito feliz, gravei aquilo e nunca vou me esquecer, saí correndo para mostrar a todos, mas muita gente não acreditou. Meus parentes só acreditaram de verdade quando a moça chegou e confirmou tudo. Sonhava tanto em aprender que quando ia comprar alguma coisa montado no lombo de um jumento, passava por perto da escola, amarrava o animal e ficava ouvindo eles aprenderem e passava a tarde toda. Quando chegava em casa minha mãe questionava você foi no Lapão ou no Japão?”, lembra o poeta.
Infelizmente, a vontade de aprender chocava com a dura realidade e o sonho de frequentar as salas de aula para se tornar “um homem letrado” se tornava cada vez mais distante. “Foi muita vontade, mas fiquei só na vontade. Minha mãe era viúva e tinha seis filhos, ela me dizia: ‘Vamos plantar um algodão se a lagarta não comer compro sua farda, e você vai para escola’, mas foram anos duros, a região passava por uma seca danada, sobrevivíamos com cuscuz de mucunam, que é um caroço vermelho e venenoso, mas colocávamos de molho, quebrava a casca e tirava uma folhazinha que tem dentro e moía. Então, realmente, não tinha como estudar e chorava que as lágrimas desciam. Fiz até um verso que é mais ou menos assim: Na idade de dez para onze anos / sorri pouco porque a coisa era muito feia / só comia um alimento que não era do mato / se fosse em casa alheia”.
“Hoje sei escrever um pouquinho e fazer umas continhas. Não leio cantando como um formado, mas graças a Deus, não sou cego”, ele diz. Mas, nem só de poesia se inspira Alfredo, o poeta sertanejo, que também “toca uns tonzinhos” para se divertir. “Comecei a tocar com 12 anos, na época que fiz o cavaquinho, via meu tio fazendo uns tons e fui aprendendo. Logo as pessoas me chamavam para bater uma sanfona e tocar violão, mas hoje é só para se divertir em casa. Toco umas músicas de igreja, uns sambinhas e uns sucessos de Amado Batista, Waldick Soriano, Vicente Celestino e Alvarenga e Ranchinho”.
Alfredo casou a primeira vez com 16 anos, teve dois filhos e ficou viúvo. Ainda jovem começou a labuta. Após a vida do campo, trabalhou durante 40 anos como barbeiro e marceneiro e conta orgulhoso que todo serviço era feito com prazer. “Gostava quando cortava o cabelo e o cliente exigia o corte e qualidade no serviço. Se fosse fazer um móvel, fazia com todo capricho, escolhia sempre uma madeira boa e buscava a perfeição. Fiz móveis que até hoje nunca descolaram uma placa. Ganhei fama por aqui, o povo comentava: ‘Esse é bom no machado’.”
Apesar de nunca ter lido um livro de poesia, os versos de Alfredo brotam com naturalidade. Com uma linguagem regional, rica em detalhes e lembranças de um povo sofrido e lutador, o poeta sonha em publicar seus versos, já impressos artesanalmente, feito cordel, e distribuído na cidade. Porém, esse almanaque vivo, simples, inocente e sábio, precisa de apoio para imortalizar suas lembranças, seja para falar de um sorriso de uma criança, uma gameleira ou de uma gruta, Alfredo deseja publicar um livro, e contribuir para deixar escrita na história a riqueza e a poesia do homem do campo.
CONTATO:
Telefone para recados: (074) 3657-1372
Pedro Moraes, um músico em busca do novo som
Publicado: 17/01/2010 em MúsicaTags:armandinho macedo, aroldo macedo, café cognac, guitarra baiana, kebab, pedro moraes, rio vermelho, SALVADOR, zirk
Por Flávia Vasconcelos
Que a criatividade musical na Bahia é intensa, ninguém pode negar. Muitos ritmos desabrocharam de mentes inquietas, que não temem o novo, as experimentações e a mistura. E Pedro Moraes é uma dessas mentes baianas sempre efervescentes, faz parte de um grupo seleto de músicos soteropolitanos unindo refinamento e sabedoria musical à simplicidade de abrir-se a novas ideias, junto a novas gerações.
A música parece alcançar o seu íntimo como poucas coisas na vida. É como ele diz sobre o seu processo de produção “quando toco, nem pareço ser eu!”. Dono de uma sensibilidade ímpar, o músico possui uma sabedoria musical muito sólida, que vai desde a história da música em si e sua interferência na sociedade, até a prática, tocando música barroca, rock, tropicalismo, bossa nova, samba canção, além dos frevos que ecoam da guitarra baiana, seu preferido dentre os muitos instrumentos que sabe tocar. Sabe e tira deles o som que quiser e o que a imaginação pedir. Ele tem instinto musical.
Sempre apostando nas experimentações, foi um dos primeiros músicos a tocar na noite – ou nos bailes da vida, parafraseando Milton Nascimento – a música barroca, de um jeito bem particular e agradável ao seu eclético público. Arriscou-se também, nos anos 80, a tocar os clássicos dos Beatles no bandolim, como nenhum outro músico tinha feito até então. “A maioria dos músicos não arrisca por medo da crítica”, observa. “Eu chegava no barzinho, ali na Visconde de Itaboraí (bairro de Amaralina, orla de Salvador-BA), com o bandolim, e um outro músico trazendo o violão, e o pessoal falava: vai ter chorinho ou samba. E não tinha nada disso, era Beatles mesmo. E o público gostou.”, recorda.
Pedro começou a carreira em 1978, aos 16 anos, levando para os pequenos bares as fortes influências da Bossa Nova, os clássicos de Maysa, e, paralelo a isso, as músicas de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Os Novos Baianos. De perto, acompanhou Dodô e Osmar, toda a família Macedo e o pau elétrico, depois chamado de guitarra baiana, nos carnavais e nos ensaios, como um fã e admirador da habilidade e criatividade musical dos músicos que tinham reinventado o Carnaval baiano. Tornou-se, tempos depois, um exímio tocador de guitarra baiana e integrante do primeiro encontro, em 2007, do Grupo da Guitarra Baiana em Salvador.
A guitarra baiana e o Carnaval
A sua relação com a guitarra baiana rendeu boas histórias, inclusive com Aroldo Macedo, que chegou até ele de uma forma inusitada e o inseriu nesse ambiente, que ele diz ser muito saudável. “Se antes eu já tinha paixão pela guitarra baiana, hoje eu tenho muito mais, porque não se vê estrelismo entre os músicos.” Após descobrir que a afinação da guitarra baiana coincidia com o instrumento que já tocava, e ver Luiz Caldas e outros artistas tocarem no Trio Tapajós nos carnavais, e a Cor do Som tocando os frevos pernambucanos e as músicas clássicas de Mozart, Pedro resolveu experimentá-la e aprendeu a tocar o instrumento.
Em 2006, após adquirir um bandolim encomendado, e tocá-lo em alguns ensaios com amigos, Pedro recebe em casa uma ligação, numa tarde, de Aroldo Macedo, que se apresentou só como Aroldo, querendo saber um pouco mais sobre o bandolim. Pediu que tocasse o instrumento e, por telefone, Pedro tocou um trecho de uma música do próprio Aroldo, sem saber que o seu ouvinte era o compositor de fato. Depois de algumas músicas tocadas, segurando o telefone, Aroldo elogiou o que tinha ouvido e foi ai que Pedro reconheceu a voz. Querendo certificar-se de que a sua desconfiança era real, perguntou se o “tal” Aroldo tinha Macedo no nome e, após a confirmação, o nervosismo de fã veio à tona. Depois dessa conversa, marcaram um encontro, e Aroldo foi até a casa do fã, que tinha se transformado em parceiro, para ver o dito bandolim. Daí por diante, Pedro Moraes fez algumas apresentações com a família Macedo, a mesma que ele tanto admirava quando era folião e acompanhava atrás do trio elétrico.
O Carnaval passou a ficar ainda mais presente na vida do músico. Segundo ele, a festa tem estado bem mais profissional, e a guitarra baiana, símbolo da festa, tem retornado ao cenário musical com a ajuda da família Macedo, com Armandinho e Aroldo, e também de músicos da nova geração, como a banda Retrofoguetes, que, em seus shows pelo Brasil, sempre reserva um espaço para tocar o instrumento. E Pedro Moraes faz parte dessa comitiva pela redenção da guitarra baiana, sendo convidado para tocar em alguns shows.
Experiências musicais
Talvez a característica maior de Pedro Moraes seja a facilidade de experimentar vários estilos musicais. A sensibilidade e a intensidade com que faz seu trabalho permitem que ele perpasse por mundos diferentes. Um exemplo disso foi o período em que integrou um grupo de música árabe, tocando bandolim e, ocasionalmente, guitarra baiana. Saiu do grupo depois de quatro anos, mas continuou com essa vertente fazendo shows em eventos de dança do ventre e em teatros. Em 2008, fez apresentações no Teatro dos Correios, no Teatro Anchieta e na Boomerangue, com a banda Retrofoguetes, acrescentando ao seu vasto repertório musical, e ao seu conhecimento sobre a história, o universo da música árabe. “De umas duas décadas pra cá, a forma de tocar música árabe mudou muito. Você ouve música eletrônica, salsa, tango e música francesa com levada de tambor árabe”, explica o músico.
Encantado com essa nova experiência, ele começou a compor, utilizando instrumentos de corda, como bandolim e a própria guitarra baiana, misturando o árabe com o ritmo latino em músicas como Flor de Guadalupe e O Fio de Ariadne, usando como mote a importância da mulher na vida de um homem, e Dança das Fadas, nunca gravada, que simboliza sua própria sensação de ver, ao lado de determinadas bailarinas de dança do ventre, uma fada dançando. “Como se fosse um anjo da guarda”, complementa.
Para Pedro Moraes, estar compondo é “como se fosse conhecer um novo amor”. A música, para ele, preenche algumas lacunas na sua vida e tem sido uma companheira inseparável. Mesmo com uma vida tão misturada à música e tendo construído uma bagagem invejável de repertório e conhecimento musical, Pedro sempre teve outro trabalho em paralelo, na área financeira e contábil, sem qualquer relação com a arte, para apenas pagar as suas contas. Afinal, além de ser o Pedro sensível, que altera os seus sentidos e sublima quando compõe ou toca um instrumento, ele também é um cidadão que assume compromissos comuns, como qualquer outra pessoa. Porém, afastado do trabalho, Pedro Moraes tenta ser, por inteiro, realmente o que sempre foi: músico. E busca ainda mais se profissionalizar e divulgar o seu trabalho.
Atualmente, Pedro Moares se apresenta todas as quintas-feiras no bar Café & Cognac, no Rio Vermelho, às terças-feiras no Kebab, na Barra, além de fazer alguns trabalhos com a Escola Musical Center.
Contatos de Pedro Moraes:
Tel: (71) 9932-6161
E-mail: prlmoraes@hotmail.com
Acabou o terceiro ano, e agora?
Publicado: 12/12/2009 em JornalismoTags:edimaster, ensino, irecê, lapão, pedagogia, pedro moraes, professores, sérgio lúis, UFBA, uneb, unifacs, vestibular
Pedagogia ou Engenharia? Talvez Direito… ou até Medicina. Vou para Salvador? Campina Grande? Ou continuo aqui? Diante de tantas possibilidades ou da inexistência delas, um dos grandes dilemas dos jovens que acabam o ensino médio é a difícil missão de escolher qual rumo oferecer para sua vida. Especialistas aconselham que não adianta pressa.
Para a aluna Rafaela Dourado, que acaba de concluir o ensino médio no colégio EdiMaster, a situação fugiu dos limites: “tive uma dúvida enorme, fiquei desesperada, chorei, me senti triste procurei até uma psicóloga. Não sabia o que fazer. Era como se nenhum curso tivesse haver comigo. Resolvi relaxar e fazer direito igual ao meu pai, se não me identificar com a área, faço outro curso depois”.
O professor Sérgio Luís, coordenador pedagógico e professor do Curso Pré Vestibular da UNEB em Lapão comenta que casos desses acontecem porque geralmente os alunos nessa faixa etária “não têm a maturidade de escolha necessária, até porque, não existem no currículo escolar disciplinas que estimulem a parte vocacional. Sempre aconselho a ter calma e decidir a opção com serenidade. Realize estudos prévios sobre as opções de curso, e escolha o seu sonho, esse é o segredo”, orienta Sérgio.
Mesmo com a opção definida, a estudante Louise Almeida sofreu com a ansiedade. A jovem garota de 16 anos, ao fazer o ENEM, relata que só conseguiu entregar a prova nos últimos minutos, porque com o nervosismo, ela perdeu muito tempo. “Quero pegar o resultado da prova e tentar engenharia em Salvador. Pensei na UNIFACS, mas estava tão agoniada na hora da prova que não sei se tive a pontuação necessária. Errei algumas coisas que sabia a resposta”. Para o professor, uma dica importante para solucionar essa problemática é desenvolver uma rotina de atividades como “resolver constantemente simulados, responder questões de vestibulares e fazer provas como a do ENEM. Isso é importante, porque oferece experiência, ameniza a ansiedade e o aluno se sente mais seguro”, diz o professor.
Com os altos índices de desemprego, muitos jovens transferiram o sonho de cursar uma universidade para conquistar um emprego bem remunerado e estável, é o caso de Eliane Martins, do Colégio Modelo, que já fez sua escolha. “Pretendo fazer concurso. Vestibular só se aparecer oportunidade, mas ainda estou em dúvida do curso. Prefiro fazer concurso porque o emprego é garantido e acho que assim dá pra conhecer melhor uma área e aí depois é só se especializar nela,” diz Eliane. Já o estudante Marcelo Lopes, diz que inicialmente pretende “ingressar no mercado de trabalho durante seis meses e depois prestar vestibular para medicina. Eu sou muito ambicioso quando se trata de estudo, quero estudar para ter um bom emprego e um bom salário”.
Apesar da ansiedade, mercado de trabalho e indecisão, o professor Sérgio Luís, alerta que o principal problema é que existe uma carência de sonhos nos estudantes, de acordo com ele, “muitas famílias ainda não têm essa cultura do vestibular, elas acreditam que quando acaba a oitava série eles já estão formados e não incentivam a busca dos filhos. Também a falta de estrutura nos colégios ajudam, como a falta de professores, aulas vagas, principalmente na área de exatas, como física e química e a falta do estímulo de alguns professores que não incentivam os alunos a buscarem um vestibular. Por esses motivos muitos me questionam: para que vou estudar se vou para roça? Se encontramos tantos com anéis de formatura na roça? É triste mas muitos alunos não tem o sonho do vestibular enraizado. Mas isso está mudando, tenho alunos que saem dos povoados para estudar no cursinho e não faltam um dia”.
Pedro Moraes
Luar do Sertão
Publicado: 20/11/2009 em fotografiaTags:fotografo, fotos, lapão, lua, luar do sertão, luiz gonzaga, pedro moraes
“Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia E a canção é a Lua Cheia a nos nascer do coração
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Mas como é lindo ver depois pro entre o mato
Deslizar calmo regato transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez roubando as estrelas lá do céu”
Luiz Gonzaga
Véi Lô e as Velas do Cruzeiro na Walter da Silveira
Publicado: 15/11/2009 em JornalismoTags:curta, flávia vasconcelos, pedro moraes, vei lo e as velas do cruzeiro, walter da silveira
O Curta ” Véi Lô e as velas do Cruzeiro…” estará sendo exibido no Festival dos 5 minutos, na Mostra Panorama Nacional. Compareçam! conto com a presença de vocês.
PROGRAMA 16 − 52’27”
21.11 (sáb) − 16h − Sala Walter da Silveira
Tratado de Solidão
Lívio Maynard | 05’00” | FIC | 2009 | Salvador – BA
liviomainard@gmail.com
Trilhos
Andréa Souza | 02’53” | DOC | 2008 | Nova Iguaçu – RJ
decupagem@yahoo.com.br
Triste Bahia
João Nicanor | 04’41” | DOC | 2009 | Salvador – BA
joaonicanor@bol.com.br
Trompe L’oeil
Milianie Lage Matos | 05’00” | EXP | 2009 | Salvador – BA
milianie@gmail.com
ÜberGlam
Daniel Fróes | 04’58” | CLIP | 2009 | Salvador – BA
daniel.froes@gmail.com
Um Menino Uma Flor
Caó Cruz Alves | 04’00” | ANM | 2009 | Salvador – BA
caocruzalves@gmail.com
Véi Lô e as Velas do Cruzeiro…
Pedro Moraes, Flávia Vasconcelos | 05’00” | DOC | 2009 | Salvador – BA
fauvascon1@gmail.com
Velotroz − Vizinha Suicídio
Rafael Jardim | 04’47” | CLIP | 2009 | Salvador – BA
rafaeljardimcine@gmail.com
Vídeo Estado Simulacro Cinematográfico
Bárbara de Azevedo | 04’37” | EXP | 2009 | São Paulo – SP
cineartesvisuais@gmail.com
Vinte Nove e Noventa
Expinho | 03’54” | EXP | 2009 | Salvador – BA
tiago13espinho@hotmail.com
Voltando para Casa
Salomão Gidi | 05’05” | Aventura | 2009 | Salvador – BA
rsgidi@hotmail.com
Assista: Véi Lô e as Velas do Cruzeiro
Publicado: 29/10/2009 em CinemaTags:bahia, cinema nacional, curta, dcoumentário brasileiro, documentário, fazenda periperi, festival 5 minutos, flávia vasconcelos, matina, pedro moraes, unijorge, vei lo e as velas do cruzeiro
O curta Véi Lô e as velas do cruzeiro… de Flavia Vasconcelos e Pedro Moraes, foi gravado em abril de 2009, na Fazenda Periperi, localizada em Matina (aproximadamente 900 km de Salvador), na Semana Santa, período que os mortos são homenageados. O personagem principal é um senhor de 88 anos, o Véi Lô, que, em uma conversa com sua neta Camila, fala sobre costumes e o ritual de acender velas para os parentes mortos no cruzeiro do cemitério da fazenda.
Durante a conversa – o fio condutor do enredo – é possível observar o comportamento dos antigos moradores do sertão baiano, representados por Véi Lô, no sotaque, na característica física, na vestimenta, no uso do cigarro de palha e o processo artesanal de fazê-lo, evidenciando a ligação íntima com a terra, já que é dela que se tira a palha do milho, matéria prima do cigarro.
Outro tema que valoriza a memória e os costumes do sertanejo baiano é o ritual, feito todos os anos, no período da Semana Santa, por Véi Lô e os seus vizinhos e que é mostrado durante a conversa entre o personagem principal e sua neta. Durante a noite, todos se encontram no cemitério da fazenda e, aos pés do cruzeiro, acendem velas e rezam para os parentes e amigos mortos. A beleza está na devoção e respeito aos mortos, tradicionalmente conservados pelos moradores e na estética das imagens, provocada pelas chamas das velas, que juntas, iluminam o nosso personagem.
Véi Lô e as velas do cruzeiro… é um curta, de gênero documental, que registra a personalidade simples e quase ingênua, porém rica em detalhes, de um senhor sertanejo e a valorização dos seus costumes, que não sofreram interferências do mundo urbano e da modernidade.
Preconceito transformado em meio de vida
Publicado: 29/10/2009 em JornalismoTags:catadores, cooperativa, coorecicla, garrafa, irecê, lixo, lixo reciclavel, papel, pedro moraes, reciclagem, residuos, residuos solidos, vidro
Catar material reciclável é uma opção viável para enfrentar o desemprego nos grandes centros urbanos e municípios do interior. Mesmo com um trabalho duro, pessoas como Givanilton, Ronaldo, Joabe, Jaqueline e Valci têm orgulho do que fazem e colocam a mão no lixo para retirar papel, plástico, ferro e alumínio, transformando-os em emprego e renda.
Há cinco anos, Givanilton Silva Evangelista, começou no ramo, ele conta que trabalhava no aterro sanitário de Irecê, até surgir a ideia de criar uma cooperativa. “No lixão era bom, mas criamos a COORECICLA que nos ajudou bastante. Hoje tenho uma renda fixa que varia de R$ 200 a R$ 250 por mês, que já dá para ir tocando a vida”. Givanilton trabalha na cooperativa com a esposa Jaqueline Costa da Silva, que além de catar material com o mari-do é a responsável por limpar o espaço de trabalho dos cooperados. “Não tem trabalho melhor que esse, cato todos os dias lixo reciclado e moro aqui na cooperativa, não pago aluguel. Juntando o meu salário com o de meu marido dá para cuidar de nossos dois filhos”, comenta Jaqueline.
Joabe de Jesus trabalha desde criança na atividade, meio cigano, como ele gosta de se definir, diz que por todas as cidades que passou sofreu por algum tipo de preconceito, mas com muito orgulho, afirma, “tem muita gente que me olha com cara feia, mas não conheço nada mais rico que o lixo. Agente não investe, só faz ganhar, o lixo é rei! É de lá que tiro meu sustento, coloco minhas mãos nas lixeiras e faço meu trabalho com orgulho para não precisar pedir nenhum copo de água a ninguém”.
Os catadores vedem o material coletado em ferros-ve-lhos ou em empresas especializas. Para isso, o lixo é prensado, depois amarrado em fardos, que pesam em média 120 kg, para serem comercializados por: R$ 0,07 o kg do papelão, R$ 0,50 o kg do ferro e R$ 0,10 do plástico.
Ronaldo Assis é um dos responsáveis na COORECI-CLA por prensar o material coletado, segundo o cooperado, foi com esse emprego que ele conseguiu a estabilidade de um trabalho, “fazia bicos como pedreiro, mas trabalha apenas uma semana ou duas. O salário era incerto, agora não, todo fim de mês recebo por produção de R$250 a R$300”. Na mesma situação vivia Valcir Santos, o ex-lavrador disse que perdia muitas safras e era difícil para pagar as contas no fim mês pela falta de uma renda fixa. “Não me arrependo de ter largado as lavouras. O começo como catador foi difícil, hoje, já conheço todo mundo, tem dono de mercadinho que guarda papelão e latinha para mim e já recebo até R$ 400. Minha vida mudou bastante”.
Pedro Moraes
Entretenimento que pode causar problemas
Publicado: 29/10/2009 em JornalismoTags:control strike, GTA, irecê, JOGOS, Jornalismo, lan house lapão, lapão, lineage, pedro moraes, the duel, the sims, vicio, virtual
Lineage, Control Strike, GTA ,The Sims, The Duel, e muitos outros nomes estranhos, como estes, podem parecer algo abstrato para a maioria das pessoas, porém, para alguns jovens apaixonados por jogos eletrônicos esses nomes são sinônimo de entretenimento, dedicação e dependência.Paulo Damasceno de 14 anos, diz que já chegou a jogar 18h por dia, “só não fico na frente do computador quando estou na escola, passo horas conquistando novos itens no jogo como armas, armadura para lutar virtualmente com meus colegas. Quero ser o mais forte do servidor.”
Toda essa dedicação infelizmente traz consequências negativas, o estudante Atos Oliveira, 19 anos, comenta que já perdeu de ano na escola e até uma namorada. “Jogo Lineage há 4 anos, atualmente fico de 2 a 3h por dia no game, estou me controlando para reduzir. Quando era sexta série, ficava muito mais tempo, chegava a 6h, acabei repetindo o ano e sendo largado pela namorada. Na época, morava em Irecê e ela em Lapão, deixava de vê-la para ficar jogando, quando ela soube inventou uma historia e não quis mais”.
“Quando alguém me proíbe de jogar, fico mal, me sinto como se não tivesse nada para fazer, fico entediado, não vou estudar porque sinto raiva de quem proibiu e tudo piora. Jogar já me prejudicou muitas vezes, quase todas as recuperações que fiz no colégio foi porque deixei de estudar para jogar”, comenta Paulo.
Diversos estudos apontam que os jogos eletrônicos, a principio, não são um problema e ajudam no desenvolvimento do raciocínio, porém eles viram um problema grave quando interferem na rotina do jogador, gerando, por exemplo: baixo rendimento na escola, falta de sociabilidade, depressão, diminuição dos hábitos de higiene pessoal, falta de apetite, enxaqueca e insônia. Nesses casos os responsáveis devem ficar atentos e se o problema não for resolvido apenas com o diálogo ou naturalmente, vale a pena procurar a ajuda de um profissional.
No mundo dos jogos virtuais os jovens se transformam em quem querem, ganham poderes especiais, enfrentam batalhões e vivenciam uma fantasia que gera prazer. Porém essa sensação pode ser “a ponta de um iceberg” escondendo problemas maiores como depressão ou transtornos compulsivos.
Em entrevista a revista Época, o psiquiatra Daniel Spritzer, especialista na temática, alertou que “o organismo de um viciado em jogos de computador reage de maneira parecida ao de um viciado em drogas como crack ou cocaína. Quando a pessoa está jogando, seu cérebro libera uma substância chamada dopamina, que causa sensação de prazer e euforia. Isso faz o viciado querer passar todo o tempo jogando. Enquanto no organismo do viciado em drogas a dopamina é liberada por um estímulo químico, no viciado em jogos de computador ela é liberada por causa de um comportamento repetitivo”, diz o psiquiatra.
Pedro Moraes
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